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Luto: O que é, suas fases e como enfrentar a dor da perda

O luto surge da perda, seja de uma pessoa querida ou de um animal de estimação que amamos. Nesses momentos, falamos sobre a “dor” da perda, mas é essencial distinguir entre o sofrimento físico, causado por uma lesão corporal ou mau funcionamento do organismo, e o luto, que representa um sofrimento psicológico profundo decorrente de uma perda irreparável.

O que é o luto?

O luto é a resposta emocional à perda de alguém ou algo significativo. Ele envolve uma gama de emoções, como tristeza, saudade, raiva e até mesmo alívio, dependendo da situação. É um processo natural e necessário para a adaptação a uma nova realidade sem a presença do ente querido.

Fases do luto

O luto geralmente ocorre em cinco fases, conforme descrito pela psiquiatra Elisabeth Kübler-Ross:

  1. Negacão – Dificuldade em aceitar a perda, um mecanismo de defesa para evitar a dor.
  2. Raiva – Sentimento de revolta, buscando um culpado pela perda.
  3. Negociação – Tentativa de reverter a situação por meio de promessas ou pensamentos “e se…”.
  4. Depressão – Profunda tristeza ao perceber a realidade da perda.
  5. Aceitação – Ajuste à nova realidade, permitindo seguir em frente com a lembrança do ente querido.

Leia também: O que é depressão?

A dor física tem sido um desafio para a humanidade ao longo da história, embora hoje existam analgésicos que ajudam a mitigá-la. No entanto, não há cura definitiva para o sofrimento psíquico. Em muitos casos, o sono pode trazer um breve alívio, mas essa dor emocional é mais complexa do que a física. Pode obscurecer todos os aspectos da vida de alguém, como aconteceu com muitas viúvas da Primeira Guerra Mundial, que nunca se casaram novamente. Essa forma de sofrimento não é exclusiva dos seres humanos, pois alguns animais também demonstram sinais de luto.

Um exemplo marcante foi registrado no documentário “The People of the Forest”, filmado por Hugo van Lawick na África. O filme retrata a intensa dor de uma mãe chimpanzé que perdeu seu filhote. Seu sofrimento era evidente em seus olhos e em sua recusa em abandonar o corpo do pequeno, carregando-o por dias, como se sua devoção pudesse trazê-lo de volta à vida. Esse comportamento demonstrou um amor maternal que vai além do instinto automático.

Essa reflexão nos leva de volta à distinção entre dor física e luto psicológico. O luto é uma experiência profundamente interna, muitas vezes associada à espiritualidade. Mesmo em sociedades seculares, fala-se sobre o “espírito humano” como uma força psíquica que opera além da razão e da consciência cotidiana. O luto é uma dor da alma, e não do corpo, podendo durar uma vida inteira.

Como enfrentar o luto?

Lidar com o luto é um processo pessoal, mas algumas estratégias podem ajudar:

  • Permitir-se sentir: Negar a dor pode prolongar o sofrimento.
  • Buscar apoio: Conversar com amigos, família ou um terapeuta pode ser confortante.
  • Manter uma rotina: Atividades diárias ajudam a reconstruir um senso de normalidade.
  • Homenagear o ente querido: Criar rituais de memória pode ajudar a transformar a dor em lembrança positiva.
  • Cuidar da saúde: Alimentação equilibrada, exercícios e sono adequado são essenciais.

A ideia de que o luto pode ser uma doença tem sido debatida. Um artigo do Boston Globe, intitulado “Lost and Found”, relatou a história de uma família que perdeu um filho de quatro anos para a leucemia. Seis décadas depois, a mãe, com 90 anos, e o irmão gêmeo sobrevivente ainda sentem profundamente a perda. A tristeza nunca os deixou completamente. Paralelamente, um estudo publicado no Journal of Supportive Oncology discutiu o Transtorno do Luto Prolongado, sugerindo que o luto deve ser resolvido dentro de um período de tempo. Mas será que o luto realmente tem uma “cura”?

A experiência e a pesquisa mostram que o luto não é uma doença. Não há tratamento que possa “curá-lo”. Faz parte da vida, pois quando nos importamos com alguém, sentimos sua falta quando ele se vai. A dor pode mudar com o tempo, mas permanece como um reflexo dos laços que foram construídos. O apoio da família, dos amigos e da comunidade pode ajudar a lidar com essa perda, mas não eliminará o sentimento completamente.

Para ajudar os enlutados, é essencial reconhecer que a dor não é um sinal de doença, mas um processo natural. O medo do luto pode dificultar a aceitação da dor e do sofrimento como partes inevitáveis da vida. Oncologistas e outros profissionais da saúde precisam compreender que a tristeza é esperada e que cada pessoa encontra sua própria maneira de lidar com ela.

Crianças e o luto

É fundamental ensinar às crianças que o luto é um sentimento natural e que elas podem encontrar formas saudáveis de lidar com ele. Os adultos ao redor também precisam aprender a aceitar e a enfrentar essa dor. Compartilhar o sofrimento e buscar apoio são formas eficazes de lidar com a perda. O luto não é uma doença, mas sim uma prova do amor que sentimos por aqueles que partiram.

Dunlhyan Arruda

Escritor, Blogueiro e Terapeuta

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